Empregados da Sanepar instalam ecobarreira em canal de Matinhos para conter lixo que iria ao mar
A barreira ecológica vai impedir que o lixo lançado nos rios ligados ao canal de escoamento em Caiobá vá parar no mar; além de promover a consciência ambiental dos veranistas
A barreira ecológica vai impedir que o lixo lançado nos rios ligados ao canal de escoamento em Caiobá vá parar no mar; além de promover a consciência ambiental dos veranistas
Na manhã desta terça-feira (16), moradores e turistas que passaram pelas margens do canal de escoamento das águas pluviais na Avenida Paraná, a 150 metros da praia de Caiobá (Matinhos), pararam para tentar descobrir o que era a estrutura metálica que estava sendo instalada dentro do canal, por dois trabalhadores da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).
Trata-se de uma barreira ecológica, construída para conter lixo flutuante lançado nos rios interligados ao canal, responsável por enviar as águas das chuvas para o mar. A instalação foi projetada e construída em Campo Mourão pelos empregados da Sanepar na cidade, Alexsandro da Silva e Plínio da Silva Garcia.
Esta é a segunda ecobarreira que a dupla finaliza. A estrutura, além de melhorar a qualidade das águas lançadas ao mar, visa promover a consciência ambiental dos veranistas.
A primeira ecobarreira está no Rio do Campo, um dos principais mananciais de abastecimento de Campo Mourão, inspirada na Ecobarreira do Rio Atuba, de Diego Saldanha.
Com a repercussão da barreira no Centro-Oeste do Paraná, a diretoria da Sanepar convidou os dois para um novo desafio: uma estrutura maior, no Litoral, para mostrar aos veranistas o volume de material que é lançado indevidamente nos rios, que se acumula no canal e pode obstruir a passagem das águas, causando enchentes.
“Quem ganha com tudo isso é a natureza e a população. Vão ver que esse lixo foi parar ali porque alguém jogou. É uma ação de conscientização, para não precisarmos fazer uma ecobarreira em cada rio”, falou Garcia.
EM TESTES – Silva e Garcia aceitaram o desafio e, na última semana, se dedicaram à construção da nova barreira ecológica. O resultado é uma peça que pesa cerca de meia tonelada e tem 6,8 metros de extensão, que foi presa a cabos de aço nas laterais do canal e agora entra em fase de testes.
O laboratorista Silva explicou que a criação da ecobarreira litorânea levou em conta que, no local, o curso da água é duplo: vai do continente em direção ao mar, mas conforme a mudança das marés, há o refluxo, que faz com que as águas marítimas elevem o nível do canal.
“Por isso, ancoramos a barreira nos dois sentidos, tanto no sentido para o oceano quanto o contrário”, explicou. Ele foi o dono da ideia do projeto; enquanto a produção ficou a encargo do colega Garcia, que tem experiência como soldador.
Nos próximos dias, a dupla vai acompanhar o funcionamento da ecobarreira, para possíveis ajustes e para estimar em que frequência será necessário fazer a coleta do entulho preso na estrutura.
CURIOSIDADE - Feita em metal inoxidável (para evitar a corrosão marítima) e em balões plásticos (para flutuação) de materiais que seriam descartados de obras e reformas nas próprias unidades da Sanepar, a barreira viajou 569 quilômetros entre Campo Mourão e Matinhos, despertando a curiosidade de quem passava pelo local da instalação.
Entre eles, o sanepariano aposentado Valdemar Fenerich, 71 anos, que passeava com Alice, 1 ano e 6 meses, uma entre seus seis netos. “Muito boa essa ideia de uma barreira que flutua. Vai conter o que vem canal acima, deixando de poluir o mar”, avaliou.
O diretor-presidente da Sanepar, Wilson Bley, conta que a ideia da ecobarreira no Canal da Avenida Paraná, em Matinhos, foi valorizar a iniciativa dos dois empregados em preservar os recursos hídricos, refletindo os valores da Companhia.
"Agradecemos à Prefeitura da cidade, que prontamente nos autorizou a fazer essa instalação, uma iniciativa simples, mas com resultados positivos em questões ambientais importantes. É um exemplo de cidadania, de engajamento e de consciência ambiental", ressaltou Bley.
COMO TUDO COMEÇOU - Preocupados com a enorme quantidade de resíduos que diariamente chegava perto da unidade de captação de água do Rio do Campo, Alexsandro teve a ideia de replicar o projeto do ativista ambiental Diego Saldanha. Eles conheceram a proposta em uma das palestras que Saldanha tem feito pelo Paraná a empregados da Sanepar, contando a história da criação da ecobarreira “original”, no Rio Atuba, que já conteve cerca de 20 toneladas de resíduos.