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Sanepar investe em transição energética a partir de resíduos de alimentos e lodo

Sanepar vai além do tratamento de água e esgoto e, com usina de biogás, produz eletricidade suficiente para iluminar 5,6 mil casas a partir de resíduos que teriam os aterros como destino

17/11/2025

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) transforma restos de alimentos enviados por empresas e lodo (material resultante do tratamento de esgoto) em sua usina de produção de bioenergia, a US Bioenergia, em São José dos Pinhais, onde é gerado biogás que pode ser convertido em energia elétrica ou térmica.

Na usina, a Sanepar escolheu a primeira opção: o biogás, atualmente, gera 28 megawatts por hora em energia elétrica, o que seria suficiente para atender 5,6 mil casas em 24 horas.

“Com o pensamento inovador, ousado e criativo de nossos empregados, a Sanepar entrou no ciclo da bioeconomia e da economia circular. Convertemos o lodo, que era um passivo oriundo do tratamento de esgoto, em um ativo que respeita e preserva o meio ambiente, gerando energia renovável”, explica o diretor-presidente da Sanepar, Wilson Bley.

A US Bioenergia está localizada junto à Estação de Tratamento de Esgoto Belém. Lá, os resíduos de alimentos e o lodo são colocados em biodigestores, uma área sem oxigênio (anaeróbica), onde são decompostos por bactérias. Nesse processo, é desprendido o biogás, rico em metano.

A Companhia identificou há anos que, entre seus maiores desafios, um é ambiental: reduzir a emissão de gases poluentes e de resíduos sem uso no tratamento do esgoto; o outro, é econômico: a energia elétrica é um dos maiores custos no saneamento.

ENTRE OS MAIORES DO MUNDO – Entre as soluções para mitigar os dois desafios, a Sanepar investiu na solução tecnológica mais eficiente: além da US Bioenergia, a primeira unidade da empresa a usar resíduos de alimento combinados ao lodo na produção de biogás, há outras de 200 estações de tratamento de esgoto pelo Paraná equipadas com reatores anaeróbicos, formando um dos maiores parques de produção do biogás no saneamento do mundo.

Atualmente, só a usina da Sanepar em São José dos Pinhais transforma, diariamente, 1.050 toneladas de material de descarte, produzindo entre 11 mil normal metro cúbico por dia (Nm³/dia, unidade de medida para volume de gás) e 14 mil Nm³/dia de biogás. Esse volume é convertido nos 28 megawatts por hora de eletricidade.

BLEND DE RESÍDUOS – Uma das inovações da US Bioenergia é a combinação de produtos que antes seriam descartados na produção do biogás que vai gerar energia elétrica. O “blend” é formado por 900 toneladas de lodo gerado diariamente na estação de tratamento Belém.

Na prática, a produção é injetada na rede da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). O valor dessa energia é abatido da fatura da Sanepar, cobrindo o consumo de 40 unidades da Companhia, como estações de tratamento de água, esgoto e elevatórias.

O restante, as 150 toneladas diárias de resíduos alimentares, são enviados por empresas que contrataram a Companhia para destinar alimentos inservíveis para um descarte adequado. Entre as que utilizam o serviço estão a Central Estadual de Abastecimento do Paraná (Ceasa) e a Ares do Paraná, especializada em gestão de resíduos (ambas de Curitiba), e a Risotolândia, de Araucária, que produz e comercializa 550 mil refeições por dia.

VANGUARDA - A Sanepar foi pioneira na produção de energia elétrica a partir do esgoto, há 16 anos, quando já buscava respostas inovadoras para reduzir o volume de resíduos e seus custos com energia. 

Em 2009, a Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, iniciou a produção de biogás, tornando-se a primeira estação de tratamento a aderir ao sistema de compensação de energia elétrica certificada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Há dois anos, a maior estação de tratamento de esgoto do Paraná, a Atuba Sul, em Curitiba, ganhou um sistema de secagem do lodo, que utiliza energia térmica resultante do biogás gerado somada à biomassa. 

O sistema é capaz de processar 5 toneladas de lodo por hora, transformando-o em cinzas e evitando o envio de grandes volumes de material para aterros sanitários. Graças a essa tecnologia, a Sanepar deixará de enviar para aterro sanitário cerca de 3.800 toneladas do lodo gerado na maior estação de esgoto do Estado todo mês.

ALÉM DA ENERGIA RENOVÁVEL – A implementação em seu negócio de ações de sustentabilidade ambiental adotadas pela Sanepar, como o uso circular dos resíduos do tratamento de esgoto, faz parte do compromisso da Companhia em manter um vínculo de responsabilidade com a sociedade por meio de ações e investimentos para a saúde pública e o desenvolvimento sustentável do Paraná. 

De acordo com o diretor-presidente Wilson Bley, até 2029, serão alocados R$ 11,8 bilhões em obras destinadas a manter o índice de acesso da população à água tratada, reduzir as perdas de água e implantar e ampliar os sistemas de coleta e tratamento de esgoto, um investimento que alinha o Paraná às metas globais.

DE OLHO NA COP-30 – Cinco dos municípios brasileiros que estão no top 20 dos melhores índices de saneamento do país, segundo o Ranking do Instituto Trata Brasil (2025) são atendidos pela Sanepar. As cidades de Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Maringá, Curitiba e Londrina apresentaram indicadores positivos referentes ao abastecimento de água, esgotamento sanitário, tratamento de esgoto, investimentos por habitante e número perdas na distribuição e por ligação.

Essa realidade, contudo, é diferente em outras localidades do Brasil. A mesma pesquisa indicou que o Pará (PA), sede da COP-30, apresenta indicadores precários: apenas 51,6% da população é atendida com água potável e somente 17,3% com coleta de esgoto, enquanto apenas 19,3% do esgoto gerado é tratado. A capital Belém, por exemplo, está entre os 20 piores municípios da pesquisa, ocupando a posição 95 ª na classificação. 

Já Curitiba, foi 1ª capital do país a ter atingido as metas do novo marco regulatório, com 100% de água tratada e 99% da coleta e tratamento do esgoto. Na pesquisa, Curitiba ocupou o 18º lugar, e garantiu a posição no top 3 capitais com o melhor saneamento do Brasil.

Pensando no futuro dos paranaenses, a Sanepar pretende alcançar, até 2030, o acesso universal à água e ao saneamento nas localidades em que está inserida, integrando setores e operações e seguindo um Plano Estratégico de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas.

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Us Bioenergia
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