Sanepar apresenta iniciativas de recuperação energética de biogás em eventos internacionais em Foz do Iguaçu
Empresa participou do painel sobre Energias Renováveis que ocorre em evento do Grupo de Trabalho do G20 e do Congresso Mundial de Biogás. Os eventos reúnem especialistas e autoridades de mais de 19 países que estão na cidade para tratar do tema da transição energética
O Paraná tem se destacado como protagonista na transição energética e no desenvolvimento da bioeconomia, sendo a Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar pioneira na integração do biogás à infraestrutura de saneamento. A convite da Agência da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), esse panorama foi apresentado pelo diretor de Inovação e Novos Negócios, Anatalicio Risden Junior durante o Painel sobre Estratégias Regionais do Biogás e Biometano como Promoção da Cooperação Internacional, que integrou as discussões do Grupo de Trabalho (GT) do G20 focado em energia, em Foz do Iguaçu, nesta terça-feira (1), em evento paralelo ao Encontro Ministerial CEM15/MI-9.
A cidade, no Oeste do Paraná, sedia até sexta-feira (4), a reunião ministerial do GT de Transições Energéticas do G20, bloco que reúne as maiores economias do planeta. O evento vai tratar das políticas de transição energética, energias renováveis e tecnologias limpas.
“A Sanepar possui o maior parque de reatores anaeróbios do mundo tratando esgoto doméstico e tem sido destaque em iniciativas de recuperação energética de biogás. Estima-se que mais de 60 milhões de metros cúbicos de biogás podem ser produzidos anualmente somente a partir do esgoto no Paraná”, ressalta Risden.
A empresa foi pioneira na implantação do sistema de microgeração distribuída de energia elétrica da Estação de Tratamento de Esgoto Ouro Verde, em Foz do Iguaçu, a primeira desta natureza a ser operacionalizada no setor de saneamento do Brasil. Também projeto da Sanepar, a US Bioenergia é capaz de produzir até 2,8 MWh de energia elétrica renovável a partir da codigestão de lodo de esgoto (até 900 m3/dia) e materiais orgânicos de grandes geradores (até 150 ton/dia). A Estação de Tratamento de Esgoto Atuba Sul, em Curitiba, também é destaque por seu sistema inovador de secagem térmica de lodo que utiliza como combustível o biogás e biomassa (lodo seco) produzido na própria localidade. O sistema é capaz de processar 5 toneladas de lodo por hora, transformando-o em cinzas e evitando o envio de grandes volumes de material para aterros sanitários.
A Sanepar está ainda desenvolvendo estudos para produção de biometano e hidrogênio renovável. Com recursos da ordem de R$ 20 milhões, estão em andamento projetos que contam com recursos não-reembolsáveis da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O projeto de recuperação de biogás do meio líquido e produção de biometano e gás carbônico está sendo desenvolvido em parceria com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás). Já o projeto de produção de hidrogênio renovável a partir da reforma catalítica a seco do biogás e utilização para fins de eletromobilidade está sendo coordenado junto com a Copel e em parceria com Universidade Federal do Paraná (UFPR) e CIBiogás. A Sanepar também concluiu recentemente junto com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK), com recursos do Ministério do Meio Ambiente, Conservação da Natureza, Segurança Nuclear e Proteção ao Consumidor da Alemanha (BMUV), estudos sobre viabilidade de produção de hidrogênio a partir do esgoto e vem dialogando com a empresa Graforce as possibilidades de adoção do método da plasmálise do metano em seus processos.
A partir do Programa Paraná Bem Tratado, a Companhia está investindo na eficiência de algumas das unidades de tratamento de esgoto, incluindo o aproveitamento do biogás. Com financiamento de 50 milhões de euros, contratados junto ao banco alemão KfW, já tem obras em andamento e outras que serão concluídas até 2025.
Para Risden, "o biogás é um vetor de desenvolvimento regional e sua recuperação proporciona benefícios como redução de custos operacionais, potencializando a modicidade tarifária e a universalização dos serviços de saneamento em bases sustentáveis". Além disso, o biogás é uma fonte de energia renovável que ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e a mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, completa o Diretor de Inovação e Novos Negócios.
REUNIÃO MINISTERIAL - A reunião do GT de Transições Energéticas do G20 em Foz do Iguaçu faz parte da programação prévia do encontro da cúpula dos líderes mundiais – G20, que acontecerá em novembro no Rio de Janeiro.
Na reunião em Foz do Iguaçu, estão presentes ministros e secretários de energia das principais economias do planeta, além de líderes e especialistas do setor. O encontro é presidido pelo ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira.
A cidade também recebe eventos paralelos ligados ao assunto, como o Clean Energy Ministerial (CEM), fórum global para compartilhamento de experiências bem-sucedidas relacionadas à energia limpa e economia de baixo carbono, a Mission Innovation (MI), que trata iniciativas globais de inovações tecnológicas e regulatórias em energia de baixo carbono, e o Congresso da Associação Mundial do Biogás, voltado para explorar estratégias para maximizar o potencial da bioenergia pelo mundo.
CONGRESSO MUNDIAL DE BIOGÁS - A Sanepar também apresentou os seus projetos inovadores no Congresso da Associação Mundial do Biogás (WBA – World Biogas Association). O evento coincidiu estrategicamente com as reuniões de energia do GT do G20. Com foco no desenvolvimento do biogás e da bioeconomia no Brasil, o Congresso reuniu autoridades governamentais, líderes empresariais e especialistas globais para discutir o papel do biogás na transição energética global.
O Especialista em Pesquisa e Inovação da Sanepar, Gustavo Possetti, falou sobre as abordagens adotadas pela Companhia para a produção e recuperação energética do biogás.
Possetti reportou que a Sanepar possui tradição e experiência em projetos de recuperação energética de biogás, assim como no reaproveitamento de lodo de esgoto. "Projetos de pesquisa conduzidos ao longo das últimas décadas possibilitaram que a Companhia pudesse escalar soluções inovadoras e sustentáveis em seus processos produtivos. A Sanepar está atenta a pauta da transição energética e busca, por meio de parcerias, promover as economias circular e de baixo carbono, fortalecendo suas atividades fim e aprimorando constantemente os serviços ofertados para a população", afirma Possetti.
ENERGIA QUE VEM DO RESÍDUO - O biogás é produzido a partir da decomposição de materiais orgânicos, como resíduos sólidos, esgoto doméstico e lodo de esgoto, em ambiente sem oxigênio (anaeróbio). Composto majoritariamente por metano, o biogás é altamente calorífico. A partir dele é possível gerar energia elétrica, térmica, veicular e, inclusive, produzir hidrogênio, sendo considerado uma energia limpa e renovável.
CÚPULA DO G20 – Nesta semana, também acontecem as discussões dos GTs de Infraestrutura e de Sustentabilidade Climática e Ambiental, no Rio de Janeiro. Ao todo, 15 cidades brasileiras receberam ou ainda vão sediar reuniões ligadas ao G20 até novembro, quando o Brasil deixa a presidência do bloco.
Além do Brasil, integram o G20: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Coreia do Sul, Rússia, Turquia, União Africana e União Europeia. Participam ainda como países convidados desta edição, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal e Singapura. Os integrantes da cúpula representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e concentra cerca de 66% da população do planeta.