Para evitar despejo de óleo na rede de esgoto, Sanepar ensina receita de sabão
Produto garante ganhos econômicos e ambientais para clientes e para empresa
Desde 2018, centenas de pessoas de diferentes idades e lugares do Paraná participaram das oficinas de sabão vegetal promovidas pela Sanepar. Além de aprender a fazer o produto de limpeza, elas foram sensibilizadas sobre os transtornos que o lançamento indevido que o óleo de cozinha usado pode causar no meio ambiente. O despejo de óleo é uma das causas do entupimento da rede coletora de esgoto e de extravasamentos. Ao mesmo tempo, estas pessoas estão economizando porque deixaram de gastar com produtos tradicionais adquiridos no comércio.
Soda cáustica, água e óleo usado na cozinha, devidamente filtrado. Isto é tudo o que é necessário para resolver um problema ambiental e econômico, tanto na casa do cliente quanto na operação da rede de esgoto. Variações da receita são compartilhadas durante as oficinas. Colocar limão, açúcar, erva curtida no álcool ou essências são dicas para aproximar as características do produto final daqueles que ocupam as prateleiras dos mercados.
“Roupa de serviço, que é tudo suja, a gente lava”, afirma Regina Quintiliano Prezotto, moradora do Jardim Primavera, em Londrina. Ela e a filha Nathalia, 14 anos, participaram da oficina de sabão promovida na terça-feira (17) no CRAS Norte B. Regina diz que já produz sabão vegetal e usa para tudo; sempre guardou o óleo residual da cozinha para as vizinhas que fazem sabão. Há quatro anos, ela começou a fazer o produto e, agora, a tarefa envolve toda a família.
A moradora do Jardim Luís de Sá, na Zona Norte, Alexandra Langaro, já tinha uma forma de fazer sabão, mas aprendeu com técnicos da Sanepar que não precisa juntar um grande volume de óleo para a receita. “Na família, a gente junta, faz e divide entre a gente. A gente usa só sabão assim”, diz.
BOM PRO BOLSO E PRA NATUREZA - O gestor de educação socioambiental da Sanepar Ronaldo Barreto já rodou o Estado como instrutor das oficinas de sabão. Ele diz que as pessoas não sabem que não pode jogar o óleo na rede de esgoto.
“Esta orientação é bem importante para Sanepar e para o morador, porque ele também está cuidando do rio dele”, explica. Ronaldo diz que pode ocorrer algo ainda mais grave, quando se faz o lançamento de esgoto diretamente na galeria de água de chuva.
A redução do valor da conta de supermercado também é um estímulo para fazer o sabão em casa. “Eu achei a receita muito fácil, muito prática. A gente vai utilizar e vai economizar. Para lavar roupa, fazer a faxina de casa”, explica Emília Ribeiro, que participou de uma oficina de sabão promovida recentemente no Centro da Melhor Idade de Ivaiporã.
A diarista Gisele Carla participou da oficina realizada na Casa de Apoio Madre Maria Gertrudes, zona Sul de Londrina, com a filha Ludmila, 8 anos. Ela começou a fazer sabão reaproveitando o óleo da cozinha por uma questão de economia doméstica. Ela usava uma receita da internet, mas diz que aquela que a Sanepar ensina é bem mais fácil.
OBSTRUÇÃO – Mesmo com uma onda de alimentação saudável, com pessoas utilizando cada vez menos óleo na preparação de alimentos visando a longevidade, a gordura acumulada na rede coletora de esgoto ainda é um grande problema. É rotina de quem trabalha na manutenção das redes de esgoto da Sanepar retirar placas de gordura, densas como pedras, em pontos obstruídos. Os danos são ambientais e econômicos. De acordo com técnicos da área, cerca de 60% das obstruções na rede de esgoto são provocadas pelo acúmulo de gordura.
Texto e Fotos: Giovanna Fonseca