Paraná tem um dos menores índices de perdas de água do país
Sanepar usa novas tecnologias, como sensores inteligentes de rede e imagens por satélite, para combater as perdas
O Paraná tem um dos menores índices de perdas de água do país, conforme o levantamento intitulado Estudos de Perdas de Água 2024, divulgado nesta quarta-feira (5), pelo Instituto Trata Brasil. Os dados referem-se ao ano de 2022. O Paraná está em nono lugar no ranking, com média de 35,1% de perdas na distribuição, abaixo da média nacional de 37,78%.
Responsável pelo abastecimento de água de 344 municípios do Paraná, a Sanepar aplica novas tecnologias no combate às perdas de água, como o uso de sensores inteligentes e até de imagens por satélites. Essas tecnologias ajudam a identificar vazamentos nas tubulações, principalmente o chamado vazamento oculto, quando a água infiltra na terra ou em galeria pluvial e não aflora à superfície. Quase imperceptível, é difícil de ser detectado.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL – A Sanepar está implantando 2.500 sensores em 2.500 quilômetros de rede de distribuição em Curitiba. São sensores de pressão instalados em hidrômetros, que captam dados e enviam a um servidor. Dotado de técnicas de Inteligência Artificial e de Aprendizado de Máquina, o programa cria uma base de informações caracterizando perfis de funcionamento do sistema de abastecimento e estabelecendo um modelo de monitoramento de indicadores. Ao detectar uma mínima variação de pressão na rede de água, o que é indício de vazamento, o sistema direciona as atividades das equipes de verificação em campo.
Essa tecnologia foi desenvolvida pela empresa Stattus4, selecionada no programa Sanepar Starups, que apresentou resultados significativos na redução de perdas nos bairros Alto Boqueirão e Tatuquara, na capital, durante o período de teste. De janeiro a agosto de 2023, num trecho de 22 km de tubulação, o sistema inteligente possibilitou uma recuperação de 69% do índice de perdas no Alto Boqueirão, reduzindo de 650 litros por dia para cerca de 200 litros/dia. No Tatuquara, foi constatada a redução das perdas reais de cerca de 41%, passando de 100 l/d para 59 l/d.
A partir desses resultados, a Companhia contratou a Stattus4 para ampliar a área de abrangência da tecnologia em Curitiba. A expectativa da Sanepar é que, além de reduzir as perdas de água, o sistema diminua o tempo médio de reparo dos vazamentos e gere também economia de energia elétrica e de produtos químicos.
“Quando ocorre um rompimento, a pressão na rede próxima ao vazamento sofre alteração, muitas vezes imperceptível. Os algoritmos que analisam os dados dos sensores conseguem identificar essa variação e indicar a área do vazamento. Assim, as equipes de pesquisa de vazamento podem agir rapidamente para localizar e consertar o rompimento em poucos dias. Sem o apoio deste tipo de tecnologia, alguns vazamentos poderiam durar meses até serem localizados”, explica o diretor de Operações da Sanepar, Sergio Wippel.
IMAGEM POR SATÉLITE - A Sanepar contratou também o serviço de localização de vazamentos por satélite, fornecido pela empresa israelense Asterra, para a região norte de Curitiba, além de outros municípios da região metropolitana, como Almirante Tamandaré, Colombo, Campo Magro, Campina Grande do Sul, Quatro Barras, Bocaiúva do Sul, Rio Branco do Sul e Itaperuçu.
A primeira varredura ocorreu no final de 2023 e ajudou a identificar e reparar 444 vazamentos. A maior vantagem desta tecnologia é o direcionamento para os pontos prováveis de vazamentos, reduzindo o tempo necessário para a equipe de campo localizar o ponto exato, o que otimiza a identificação e o conserto da tubulação.
Em termos de comparação, o método de pesquisa de vazamentos tradicional consegue encontrar, em média, de um a dois vazamentos por dia. Com o direcionamento do serviço pelo satélite, a produtividade aumentou para 5,2 vazamentos por dia por equipe. “Desta forma, a duração dos vazamentos ocultos diminui, reduzindo assim o volume perdido”, complementa Wippel.
MONITORAMENTO CONSTANTE – O uso de novas tecnologias faz parte do programa permanente da Sanepar de controle e redução de perdas, que inclui várias medidas, como telemetria, com monitoramento constante de pressão na rede. E ainda um software que, a partir de dados como idade da tubulação, incidência de rompimentos e outros fatores, aponta a prioridade de substituição da rede e também de hidrômetros.