A Sanepar participou, nesta segunda-feira (18), do Circuito Biogás nos Estados, que começou pelo Paraná. O evento foi realizado pela Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), apoiado pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), com o objetivo de debater oportunidades e desafios do setor de biogás e biometano. Essas duas energias limpas provêm da biomassa – toda matéria orgânica vegetal ou animal –, após passar por um processo de degradação por microrganismos (digestão anaeróbia).

No período da manhã, como parte da programação, houve uma visita técnica à Usina Sanepar de Bioenergia (USBio), ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Belém. A unidade recebe lodo de esgoto, restos de alimentos, óleos e outros compostos orgânicos do Ceasa, restaurantes e outros fornecedores, faz a decomposição desse resíduo em digestores, gerando biogás, que é armazenado e convertido em energia elétrica.

Por dia, são destinados 900 metros cúbicos de lodo e 50 toneladas de outros materiais, os quais são transformados em biogás, que é convertido em até 2,8 MW de energia elétrica. Essa energia é aproveitada na própria unidade e o excedente é convertido em crédito para uso em outras áreas da Companhia.

“Em vez de destinar o lodo para aterros sanitários, que é o convencional, transformamos em energia elétrica. E os resíduos orgânicos que se somam ao processo também deixam de ir para aterros, beneficiando o meio ambiente e a população”, afirmou o diretor-presidente da Sanepar, Claudio Stabile, na apresentação sobre a operação da USBio. Ele estava acompanhado do diretor de Novos Negócios e Inovação, Anatalício Risden Junior, e de técnicos da Companhia.

Das mais de 4 mil estações de tratamento de esgoto no Brasil, apenas 11 fazem a recuperação energética do biogás e, dessas, três são da Sanepar: a ETE Belém e a ETE Atuba Sul, em Curitiba, e a ETE Ouro Verde, em Foz do Iguaçu. Por meio do Programa Paraná Bem Tratado, em 2025, outras sete passarão a fazer a recuperação energética do biogás.

PROTAGONISMO - No painel de debate, à tarde, o presidente Stabile lembrou que a Sanepar foi pioneira no aproveitamento do biogás, na década de 1980, com a geração de combustível para veículos a partir do tratamento de esgoto. “Ao longo do tempo, essa questão foi deixada de lado, mas a Companhia retomou e também tem sido protagonista em pesquisas de aproveitamento dos produtos gerados em nossos processos de água e esgoto”, disse.

No tratamento do esgoto, são gerados resíduos líquido, sólido e gasoso. O líquido pode ser usado em irrigação urbana e como adubo agrícola. A parte sólida transforma-se em adubo, que a Sanepar destina há mais de 20 anos para a agricultura, como biofertilizante, e há possibilidade de trasformá-lo em combustível para aviação. A parte gasosa, que se torna biogás, é transformada em energia elétrica e energia térmica, e estão em andamento estudos para virar CO2 líquido e hidrogênio renovável.

A Companhia mantém parcerias com instituições de pesquisa das áreas pública e privada de diversos países, como Alemanha, Japão e Holanda, e desenvolve projetos em parceria com o Parque Tecnologico de Itaipu (PTI), financiados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), KfW Banco de Desenvolvimento da Alemanha, Ministério Federal do Meio Ambiente, Natureza, Segurança Nuclear e Proteção (BMUV) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre outros.

POLÍTICAS PÚBLICAS – O Paraná é o 4.º estado brasileiro em produção de biogás, com 742 mil metros cúbicos por dia e 198 plantas de biogás, das quais 136 são de origem agropecuária. É o segundo estado com maior número de plantas instaladas. O potencial aponta para uma produção de mais de 2 milhões de metros cúbicos por dia de biometano.

O Estado está na vanguarda das políticas públicas de incentivo ao biogás e já possui uma Política Estadual do Biogás e Biometano aprovada em lei. O Paraná também oferece uma série de incentivos ao segmento, como a isenção de ICMS para operações com máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para a geração de energia elétrica a partir do biogás, a concessão de crédito presumido de 12% sobre o valor das aquisições internas de biogás e biometano e a redução da base de cálculo nas saídas internas com biogás e biometano.

Participaram autoridades do setor de biogás e os secretários de Estado da Agricultura, Norberto Ortigara; do Planejamento, Guto Silva; de Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros; coordenador do RenovaPR, Herlon Almeida; a presidente executiva da ABiogás, Renata Isfer; o presidente da Compagas, Rafael Lamastra.