Em Honduras, Sanepar trabalha para estabelecer diretrizes nacionais de saneamento no país
Entre os dias 18 e 22 de agosto, profissionais da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) conduziram a primeira etapa in loco do projeto que está estabelecendo processos para tornar a gestão da água e o consumo de energia mais eficientes no país hondurenho
O compromisso da Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar) com a qualidade e eficiência no tratamento de água ganhou projeção internacional: chegou a Honduras, na América Central, com a perspectiva de estabelecer novas diretrizes nacionais para que o país avance e torne mais eficiente o uso de energia e a redução de perdas de água.
O primeiro passo para concretizar a proposta foi dado entre os dias 19 e 22 de agosto, nas cidades de Puerto Cortés e Siguatepeque, bem como na capital do país, Tegucigalpa, com participação de uma equipe da companhia paranaense na oficina de planejamento que sistematizou os esforços de cooperação e detalhou os passos que serão executados ao longo dos próximos 16 meses.
A atividade faz parte das ações do projeto Sustentabilidade de Recursos Hídricos e Gestão Eficiente no Abastecimento de Água Potável em Honduras (H2OGEH), cooperação técnica entre três países: Brasil, Alemanha e Honduras.
Nessa parceria trilateral entre nações, a Sanepar foi convocada para aplicar seus conhecimentos de mais de 62 anos de projetos exitosos em saneamento para criar soluções sustentáveis adaptadas ao contexto do país da América Central.
“O foco principal da Sanepar é auxiliar Honduras no desenvolvimento de estratégias que fortaleçam a gestão eficiente da água potável, com ênfase na eficiência energética e na redução de perdas, garantindo acesso igualitário à água potável. São objetivos em que a Sanepar atua há décadas, sempre em busca das melhores soluções e com resultados que contribuem para que o Brasil seja referência internacional em saneamento ambiental”, destacou o diretor-presidente da Sanepar, Wilson Bley.
No projeto, cabe à empresa paranaense orientar tecnicamente especialistas em recursos hídricos, energia e saneamento de Honduras na aplicação de soluções desenvolvidas ao longo dos últimos anos no Paraná e colaborar na construção de diretrizes nacionais para o setor de saneamento do país centro-americano, inspirando outros países da região.
AGENDA INTENSA - Na primeira etapa de trabalho in loco, o grupo e demais representantes da cooperação técnica trilateral participaram de dois dias na oficina de planejamento, na capital Tegucigalpa, departamento (estado) de Francisco Morazán.
De lá, seguiram para Siguatepeque, município com cerca de 120 mil habitantes, no departamento de Comayagua, onde se reuniram com o prestador de serviços local e realizaram uma visita técnica em uma estação de tratamento de água.
A última parada foi em Puerto Cortés, município com 142 mil habitantes, na costa norte do Caribe. Lá, o grupo foi recebido pela prefeita, María Luiza Martell, com honras militares e apresentação cultural, os representantes da cooperação se reuniram com prestador de serviços local e fizeram visitas técnicas em um sistema de captação de água e estações de tratamento de água e esgoto.
REALIDADE HONDURENHA – A cooperação internacional que conta com o trabalho da Sanepar encara grandes desafios: as diferenças regionais, a necessidade de aprimoramentos e ampliação das infraestruturas de serviços de água e esgoto e os efeitos constantes das mudanças climáticas.
A capital Tegucigalpa, por exemplo, garante um abastecimento de água doméstico médio para seus 1,3 milhão de habitantes de 95 litros por dia na estação mais seca. Em algumas áreas, o fornecimento de água é realizado por uma hora e meia a cada dois dias.
Em Siguatepeque, a distribuição de água é realizada, em média, 13 horas por dia. Puerto Cortés, por sua vez, oferece água tratada para a população continuamente.
Além disso, apenas 3,2% do esgoto produzido no país da América Central é tratado e quase a metade (48%) dos 7,6 milhões de habitantes vive em áreas rurais, o que dificulta a instalação de redes.
RECEPÇÃO CALOROSA – Na última segunda-feira (25), os integrantes da comitiva paranaense entregaram ao diretor-presidente da Companhia, Wilson Bley, em Curitiba, uma lembrança desse primeiro contato no país da América Central: um troféu entregue pela Municipalidad (Prefeitura) de Puerto Cortés.
“Fomos recebidos com muito ânimo. Vê-se que há bastante vontade de melhorias no acesso à água potável no país e promoção da eficiência hídrica e energética. Por onde passamos, vimos interesse em saber como fazemos acontecer o saneamento em bases sustentáveis no Paraná. Também descobrimos que eles enfrentam desafios climáticos extremos, como tornados e furacões, com abordagens que podem nos ensinar muito para o futuro”, contou o especialista em Pesquisa e Inovação da Sanepar, Gustavo Possetti.
Além dele, a comitiva sanepariana no país caribenho foi formada pelo engenheiro mecânico da Gerência de Pesquisa e Inovação, Mario Roberto Cunha D'Ávila, e pela coordenadora de Desenvolvimento Operacional da Gerência de Engenharia da Região Sudoeste, Priscila Oliveira de Souza Donadello Figueiredo.
PLANO DE TRABALHO - O projeto de cooperação técnica trilateral H2OGEH conta com um investimento de 1,03 milhão de euros e aborda quatro frentes de ação:
Fortalecimento das capacidades institucionais por meio da capacitação e promoção do diálogo entre entes dos governos federal, dos departamentos e municipalidades hondurenhas;
Desenvolvimento de ferramentas focadas na eficiência energética e na redução e controle das perdas de água, a partir da consolidação e disseminação de boas práticas no setor para todo o território hondurenho;
Realização de projeto piloto em prestador de serviços de água que possibilite a adoção de medidas de eficiência energética e redução de perdas de água inspiradas nas experiências da Sanepar, devidamente adaptadas às necessidades de Honduras;
Fomento à cooperação e transferência de conhecimentos para outros países da região;
Além da Sanepar, integram a cooperação internacional a Agência Brasileira de Cooperação (ABC); a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ); as Secretarias de Relações Exteriores e Cooperação Internacional, de Recursos Naturais e Meio Ambiente, e de Energia de Honduras; o Ente Regulador de Serviços de Água Potável e Saneamento do país (ERSAPS); e, a Associação Hondurenha de Prestadores de Serviço de Água Potável e Saneamento (AHPSAS).